Desde 26 de fevereiro de 2020, quando o primeiro caso de coronavírus foi registrado no país, a população foi forçada a mudar seu estilo de vida e a conviver com a imposição do distanciamento social e a adoção de medidas sanitárias. Muitos trabalhadores foram obrigados a ficar em casa em sistema remoto. Infelizmente, não foi o caso dos vigilantes de transportes de valores e escolta armada, que continuaram suas atividades normalmente encarando o perigo de assaltos. Considerado o terceiro estado com maior registro de ataques a carros-fortes no país, Pernambuco, porém, não contabilizou assalto a estes veículos neste ano.

Segundo o Sindicato dos Vigilantes e Empregados de Empresas de Transportes de Valores e Escolta Armada do Estado de Pernambuco (SINDFORT-PE), de janeiro até o início de agosto de 2021, não houve ataques a carros-fortes em nenhuma região do estado, mesmo no Sertão, onde as ocorrências são mais frequentes nas estradas. O presidente do sindicato, Cláudio Mendonça, acredita que o fato seja reflexo da segunda onda da pandemia de Covid-19, que elevou os números de contaminação e de mortes em todo o país, alcançando o patamar de mais de quatro mil óbitos diários em abril, e atualmente já soma mais 550 mil mortes em todo território nacional.

Apesar da pandemia ter começado em 2020, oito ataques aconteceram em Pernambuco nesse ano. No entanto, quatro deles em janeiro (1) e fevereiro (3), antes dos decretos estaduais que determinaram o isolamento e outras medidas, entrarem em vigor. Os outros quatro ocorreram em meses distintos no segundo semestre (17/07, 01/09, 05/11 e 07/12), em períodos de flexibilização de algumas atividades no estado. Infelizmente, na investida dos criminosos no dia 12 de fevereiro, numa lotérica do bairro de Jardim São Paulo, um vigilante acabou morto. A ação ainda deixou um adolescente ferido e causou a morte de um assaltante.

Ao se levar em conta o período inicial da pandemia em 2020 (março, abril, maio e junho), com as restrições dos decretos, nenhum carro-forte foi atacado, de acordo com a observação do presidente do SINDFORT-PE. “Acreditamos que a redução esteja relacionada ao momento crítico que a transmissão da Covid-19 chegou, com a situação caótica dos hospitais públicos e o número alto de mortes. De alguma forma, esse cenário contribuiu para que os ataques reduzissem no estado. Para nós, isso foi alívio até agora. Esperamos que nossos vigilantes continuem fazendo seu trabalho com segurança e que os criminosos deixem as guarnições trabalharem em paz”, frisa Cláudio Mendonça.

A diretoria do sindicato não agradece à pandemia, mas comemora esse fato raro. Como um dos piores estados para a função de condutores e vigilantes de transportes de valores, Pernambuco tem registrado números altos de assaltos a carros-fortes anualmente. Em 2019 foram seis ataques com o saldo deum vigilante morto e cinco feridos; em 2018, 11 assaltos com um trabalhador morto e dois feridos; em 2017, o total foi de 20 ataques com dois vigilantes mortos.

Redação SINDFORT-PE